O farol, vestido para o centenário do Caboclo Bernardo. Foto Gilson Soares, 2014. Quando cheguei a Regência na manhã de sábado, a Vila ...

Regentes com a mão na massa

O farol, vestido para o centenário do Caboclo Bernardo. Foto Gilson Soares, 2014.
O farol, vestido para o centenário do Caboclo Bernardo. Foto Gilson Soares, 2014.

Quando cheguei a Regência na manhã de sábado, a Vila já estava se engalanando para o maior acontecimento do seu calendário festivo: a Festa do Caboclo Bernardo.

O auge da programação aconteceria no final da semana seguinte, mas alguns eventos da festa já estavam transcorrendo naquele fim de semana. Concomitantemente – desculpa aí, leitor – peças destinadas aos dias em que a festa alcançaria seu auge, estavam, ainda, sendo produzidas.

Por isso, naquele sábado, quando cheguei lá, dei com muitos regentes com a mão na massa.

A Ponte do Ingá, na vila Augusta. Foto Gilson Soares, 2014.
A Ponte do Ingá, na vila Augusta. Foto Gilson Soares, 2014.
É que a Festa do Caboclo Bernardo, uma das mais importantes e tradicionais do calendário capixaba de cultura, mantém – ave! – um forte viés artesanal. Talvez seja esse, inclusive, um dos motivos que fazem desta festa na vila Augusta, uma das mais atraentes do estado.

A escala por quase dois dias absolutamente descompromissados em Regência, confirmou com exatidão o que eu havia previsto e programado. Por isso, na segunda-feira, 2 de junho, depois de ter presenciado a vila pudica se vestindo para lembrar o centenário da morte do seu herói (Bernardo José dos Santos foi assassinado em 3 de junho de 1914); depois de ter absorvido a frugal energia regenciana; e depois de ter deixado exemplares de Minério na Biblioteca Comunitária e na biblioteca da EEEF Vila de Regência, pude, efetivamente tomar o rumo do arco norte, com a alma clara, o corpo bem disposto e – viva! – a carga sobre a magrela um pouco menor e mais leve, além de decididamente equilibrada.

O desafio agora era transpor a boca do Rio Doce, que ali, silente, abre-se desmesurada como que querendo abocanhar o mar.

Com a participação colaborativa dos amigos que tenho na Vila, logo, logo – ainda no domingo à tarde – fiz contato com um pescador que na manhã seguinte nos transporia – a mim e à pretinha – para o lado norte da foz do Watu. A travessia das águas do manso estuário naquela manhã azul de segunda-feira, num pequeno barco a motor, deixou claro pra mim que o meu giro ciclístico pelo norte capixaba se prenunciava reluzente.

Um ato de resistência, na Estrada de Regência. Foto Gilson Soares, 2014.
Um ato de resistência, na Estrada de Regência. Foto Gilson Soares, 2014.


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Gilson Soares é poeta e nasceu em Ecoporanga, no extremo noroeste do Estado do Espírito Santo, em 10 de fevereiro de 1955. (Para obter mais informações sobre o autor e outros textos de sua autoria publicados neste site, clique aqui)

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