Para Hilal S. Hilal, 1. Atrás dessa escritura de cobre, atravessa a margem, a beira, o rio, tua ausência terna, a que leva c...

Palavras de cobre (ao pai)


Para Hilal S. Hilal,


1.

Atrás dessa
escritura de cobre,

atravessa

a margem, a beira, o rio,
tua ausência terna,

a que leva
camadas de dobras
indefinidamente.


2.

Se escrevo
em metal,

atravesso

o conto, a conta
que recorda o fio
que reencontro
no canto, na concha
de tua sombra

nebulosamente
aqui, a sós,

na frase cortante
de metal
e alma.



3.

Atravessa-me
o passo
de tua ausência
incandescente.

(se escrevo
linhas em cobre
é para reter
na teia
a palavra

que adivinhe
a raiz, o sumo, a noz
de teu nome
lindo e
árido
de luz).

Atravessa-me
o gesto,
o jeito
de tua paisagem
ínfima e
fulgurante.

E ardo.
E fremes.
E passo.


Paulo Roberto Sodré,
Vitória,
Fim de maio, início de junho de 2007.


[Poema inédito reproduzido com autorização do autor.]

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Paulo Roberto Sodré, nascido em Vitória em 1962, é poeta, escritor, pesquisador e professor universitário de Literatura na Ufes, com vários livros e artigos publicados. (Para obter mais informações sobre o autor e outros textos de sua autoria publicados neste site, clique aqui.)

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