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Narciso Araújo quando jovem, [Rio de Janeiro], 1899. Fotógrafo não identificado. Apresentação A importância de Narciso Araújo (Itapem...

Narciso Araújo quando jovem, [Rio de Janeiro], 1899. Fotógrafo não identificado.
Narciso Araújo quando jovem, [Rio de Janeiro], 1899. Fotógrafo não identificado.

Apresentação


A importância de Narciso Araújo (Itapemirim, ES, 1877-1944) como poeta simbolista foi reconhecida por Fernando Góes (in Panorama da poesia brasileira, v. IV, 1959) e por Andrade Muricy (Panorama do movimento simbolista brasileiro, v. II, 1973), tendo este último assinalado: “numerosa produção esparsa”.

Como todo acervo particular, o acesso para consulta é limitado, e o constante manuseio do material, que é bastante frágil, representa grandes riscos à sua integridade física. A Dra. Josina Drumond, que consultou o acervo ao escrever o livro O Solitário de Itapemirim – Narciso Araújo: Vida e obra (Prefeitura Municipal de Vitória, 2010), recomendou formalmente, à p. 18, a necessidade de garantir a preservação permanente do seu conteúdo: “Considerando a fragilidade e a efemeridade do suporte no qual tais poemas [manuscritos] foram registrados originalmente, é imperioso que sejam digitalizados e/ou digitados o quanto antes, para [que] se possa resgatar a obra completa do autor e garantir, por conseguinte, a imortalidade do grande vate de Itapemirim.” Assim, propôs-se essa intervenção em projeto apresentado à Secult, no edital relativo a INVENTÁRIO, CONSERVAÇÃO E REPRODUÇÃO DE ACERVOS, mediante reprodução digital e publicação online, para garantir a preservação e perenidade desse acervo e estender ilimitadamente sua acessibilidade, para fins não só de estudos acadêmicos, tanto de crítica genética como ecdótica, mas também de leitura por parte de interessados em poesia de alta qualidade.

A publicação do acervo na web vai acompanhada de estudos críticos produzidos por especialistas em Literatura, um deles o próprio proponente do Projeto, para ampliação do conhecimento sobre o autor e sua produção. Para divulgar mais amplamente o Projeto e a obra de Narciso Araújo foi incluída a realização de debate sobre o poeta, sua obra e o acervo, e exposição temporária de amostra do acervo na Biblioteca Pública do Espírito Santo.

O acervo do poeta simbolista capixaba Narciso Araújo constitui-se de: um caderno de capa dura contendo poemas, registros pessoais e anotações do curso de Direito dos anos 1895-96; dois cadernos, também de capa dura, de poesia (bem danificados pela ação de insetos, mas sem prejuízo para a leitura) dos anos 1895-97; uma centena de manuscritos avulsos com versões de poemas datados de 1898 a 1900 e alguns posteriores; edições integrais ou parciais e recortes de jornais (hoje extintos) do Rio de Janeiro, Itapemirim e Cachoeiro de Itapemirim, do período de 1895 a 1923, em que foram publicados poemas seus; jornais de Vitória, sobretudo dos anos de 1940, com informações pertinentes ao poeta; exemplar do seu livro único, Poesias (1942), com anotações marginais do próprio poeta; e alguns documentos pessoais e correspondência, perfazendo o total de 331 itens.

O projeto permitiu que todos esses documentos, compreendendo um total aproximado de 1.400 páginas, até recentemente fora de alcance do público em geral, fossem disponibilizados na internet para livre consulta e pesquisa por pesquisadores e interessados em geral. Como forma de facilitar a leitura do material poético, foi também publicada aqui a transcrição de todos os poemas, não só dos manuscritos, como dos impressos em jornais e daqueles incluídos no livro.

A realização do Projeto resultou na produção de ... arquivos digitais matrizes de imagens dos documentos, imagens essas coloridas e salvas com extensão JPG, alta resolução (300ppi), para impressão e preservação. Parte da digitalização foi realizada com utilização de scanner e outra parte, dado o tamanho do documento, com a utilização de máquina fotográfica. Esses arquivos foram tratados recortando-se excessos de bordas, evitando-se qualquer outra intervenção que representasse interferência em relação ao documento físico. Após esses procedimentos iniciais, prosseguiu-se com a produção de arquivos secundários, a partir daqueles matrizes, para divulgação na web, mantendo-se a mesma resolução de 300ppi porém em tamanho menor e qualidade um pouco mais baixa em relação aos arquivos matrizes. Desta vez as imagens foram submetidas a um tratamento de forma a proporcionar uma melhor nitidez para a leitura do conteúdo dos documentos em tela, produzindo-se ao final arquivos em PDF de média qualidade visando diminuir o tempo de download.

Esclareça-se, quanto a direitos autorais, que a obra de Narciso Araújo entrou em domínio público no ano passado, já que o poeta faleceu 70 anos atrás, em 1944.

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Equipe técnica do Projeto


Coordenação e estudo introdutório
Luiz Busatto

Estudo crítico
Gilberto Araújo de Vasconcelos Júnior

Organização, inventário, edição de textos e notas
Reinaldo Santos Neves

Digitalização, tratamento de imagem, criação de páginas para internet e publicação online
Maria Clara Medeiros Santos Neves

Março/2016

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Sumário


Estudo introdutório - Prof. Luiz Busatto

Ensaio crítico: A Torre de Narciso - Prof. Gilberto Araújo de Vasconcelos Jr.

Slides do Acervo Narciso Araújo

    Recortes de jornais (poemas)
    Recortes de jornais e revistas (informativos)
    Livro Poesias

Artigo: 

BUSATTO, Luiz. Cem anos de Narciso Araújo. In Revista Você, Vitória, n.31, junho de 1995, p.38-9.


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© 2016 A utilização / divulgação de textos produzidos para o projeto e publicação no site sem prévia autorização expressa dos detentores dos direitos configura violação à lei de direitos autorais e desrespeito aos serviços de preparação para publicação.
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Nota biográfica Narciso Araújo nasceu (1877) e morreu (1944) no município de Itapemirim (ES). Filho da brasileira Maria Rodrigues da La...


Nota biográfica



Narciso Araújo nasceu (1877) e morreu (1944) no município de Itapemirim (ES). Filho da brasileira Maria Rodrigues da Lapa, falecida durante a primeira infância do menino, e do português Manoel da Costa Pinto, que, abastado, enviou-o, em 1889, para estudar no prestigioso Colégio Pedro II, no Rio de Janeiro. Aluno exímio, ingressa (1896) precocemente no bacharelado da Faculdade de Ciências Jurídicas e Sociais do Rio de Janeiro e conclui-o na Faculdade Livre de Direito em 1899, transferência motivada pela hostilidade daquela instituição ao Marechal Floriano Peixoto, político da admiração do jovem jurista. Na Capital Federal, convive com a nata das letras da época, frequentando o Café Papagaio, onde priva da amizade de, entre outros, Cruz e Sousa, Olavo Bilac e Raul Pederneiras e publica em importantes periódicos, como Rua do Ouvidor. Ao contrário de outros simbolistas capixabas que desenvolveram carreira no Rio de Janeiro (a exemplo de Colatino Barroso e Ulisses Sarmento), retorna a Itapemirim, a princípio para sanar dívida paterna, sem, todavia, nunca voltar à Capital Federal. Doravante, sua trajetória profissional acumula insucessos e renúncias: jornalismo, literatura, advocacia, política, tudo é abandonado. Não diferente, a vida afetiva é pródiga de mistérios e privações, provocando crescente reclusão. Apesar de afastado do circuito literário, é eleito, em 1941, Príncipe dos Poetas Capixabas, em concurso promovido por A Tribuna de Vitória, tendo como prêmio, em 1942, a edição de Poesias (1.ª série), pela Livraria José Olympio Editora, casa que, simbolicamente, reconduz o poeta ao então centro das letras nacionais, mas não logra salvá-lo do esquecimento.


A Torre de Narciso


Gilberto Araújo


Tal como a maior parte da obra de Narciso Araújo se encontra dispersa em jornais e revistas, muito de sua fortuna crítica se restringiu ao âmbito dos periódicos, quase nunca alcançando o formato de livro. Excetuam-se, para mencionar três casos relevantes, a presença do poeta capixaba no Panorama do movimento simbolista brasileiro (1952), de Andrade Muricy, no Panorama da poesia brasileira – Volume IV: Simbolismo (1959), de Fernando Góes, e, mais recentemente, O solitário de Itapemirim. Narciso Araújo: vida e obra (2010), pioneiro estudo de Jô Drumond. Nos três títulos, o escritor é inserido no plantel simbolista, cujo temário e estrutura de fato muito se assemelham à sua produção poética. Entretanto, devemo-nos perguntar a que “produção” nos referimos, pois a obra de Narciso é composta de conjunto demasiado heterogêneo a que até pode soar impertinente o designativo “obra”.

Seu único livro editado foi Poesias – 1.ª série (1942), quando o escritor, nascido em 1877, contava com 65 anos e há muito deixara de publicar. O título sóbrio e meio vago indicia certa falta de unidade. Dividida cronologicamente, a antologia contempla dois segmentos de quinze anos – 1900-1915 e 1916-1930 –, ambos, como se vê, bastante anteriores a 1942. Restariam, pelo menos, dois ínterins a editar, o antecedente a 1900 e aquele compreendido entre 1930 e 1942, sem falar naquilo que, escrito entre 1900 e 1930, ficou de fora da coletânea. Daí talvez a continuidade indicada pelo subtítulo “1.ª série”. Entretanto, nunca se encetou a sequência, e a não pequena obra de Narciso acabou cingida ao montante de 71 poemas.

Esse conjunto nos incita a saber o que a coletânea não contemplou. Afinal, o volume de 1942 encartou poemas de diferentes épocas, oriundos de variados manuscritos: do 1.º e do 2.º Cadernos de Poesia, do Caderno de Direito, dos 29 textos dedicados a Maria Magdalena Pisa, além do material avulso. Houve efetivamente um garimpo de antologista que perpassou todo o espólio literário; não se tratou, portanto, de eliminar a juvenília em prol da suposta maturidade poética. Se não é a cronologia o critério organizador, o que motivou a tarefa seletiva? O quesito estético, por muito subjetivo e impreciso, não responde nossa indagação. A eleição, cremos, se pautou pela natureza estilística. Sim, porque os textos privilegiam a dicção simbolista, criando paralelo com a reclusão quase monástica do autor, enfatizada por vários biógrafos e pelos organizadores das Poesias. Nosso objetivo não é confrontar o material inédito com o livro de 1942: almejamos sondar quais estilos ficaram soterrados ou minimizados sob a Torre do Símbolo.

Nos primeiros manuscritos de Araújo, compreendidos entre 1895 e 1897, identifica-se certo gosto pela simplicidade, uma espécie de desdobramento do aurea mediocritas árcade: a singeleza da vida interiorana surge em “Meu sonho”, “Alegrias”, “Dentro da natureza”, “Risos e lágrimas”, “O mimo da inocência”, “Os namorados”, entre outros. Embora, à primeira vista, essa despretensão figure contrária à altissonância simbolista, devemos considerar que ela se fez presente em outro cultor da escola: B. Lopes, cujo livro inaugural, Cromos (1881), louvava a frugalidade campesina, em estilo despojado, de metros curtos, preferencialmente heptassilábicos, quase incompatíveis com a solenidade dominante em seus títulos futuros. Narciso se envereda por semelhante trilha, conquanto, no capixaba, o sonetilho breve de B. Lopes ceda passo ao decassílabo, às vezes condescendente com quadrinhas (“Eu e amor”) e redondilhas (“Desilusão”, “Renúncia”). Do fluminense Narciso herda ainda a prática do poema-bilhete – bastante exercitada por Lopes em seu segundo livro, Pizzicatos (1896) –, aferida em “No júri de tua consciência”: datado de agosto de 1896, mês e ano citados por extenso nos primeiros versos, o poema é um pedido de desculpas ao amigo Estêvão de Rezende, a quem ainda se dedica o lamentoso “Au revoir”, porque o amigo fora para... Minas Gerais. O tom circunstancial, explicável, é claro, num caderno privado de poesias, alimenta textos sobre o aniversário do poeta (“Trinta abraços”), a morte de um familiar (“Ao meu sobrinho Manoelzinho”) ou o agradecimento por uma saca de café (“[D. Francisca de Sá]”).

Evidentemente, a vivência de casos trágicos ou pitorescos deflagrou a criação textual, conforme ratifica o subtítulo “episódio verídico” ao saboroso soneto “Bife, chá, cama e ridículo”. No entanto, o sotaque despretensioso merece destaque por eleger a brevidade formal para desenhar um pequeno quadro, um flash ou um “cromo”, nas palavras de B. Lopes. Imprimia-se objetividade ao poema, freando, de certo modo, o sentimentalismo ainda localizável na década de 1880. Não à toa, B. Lopes é apontado um dos iniciadores da poesia realista no Brasil. A contribuição seria pontual, não fosse o Realismo – lembrado na prosa mas negligenciado no verso – irmanar-se a outros estilos poéticos que prepararam a chegada do Parnasianismo, a exemplo das poesias social e científica, igualmente infiltradas em Narciso Araújo.

É inegável a vocação cívica do capixaba, aferida em “O lavrador”, “Trindade” e “A dor da pátria”. Neste, poreja o republicanismo ferrenho de quem, como Raul Pompeia, defendeu ardentemente Floriano Peixoto, também glorificado em “Marechal”. A inflexibilidade política é correlata à literária, já que, comentaremos adiante, o Simbolismo se tornou um modelo que Narciso não pôde ou não quis abandonar. “Trindade” condena a presença inglesa na ilha homônima; ao repertoriar eventos e personagens históricos, a poesia de Narciso abre-se ao cotidiano, domínio rarefeito na ortodoxia simbolista, afeita a segredos e abstrações. Nesse sentido, vale destacar “Despedida”, escrito “por ocasião dos desastres da E. F. Central do Brasil”: citando nominalmente personagens simples, como se Cândido e Martinho fossem conhecidos do leitor, o poeta parte da experiência particular para alçá-la à reflexão coletiva sobre as mazelas sociais e a morte.

Convivendo com o tom menor dos cromos, aparecem descrições objetivas (“Realista”, “Ao relógio do Figueiredo”) ou alegóricas (“Metamorfose”, “Pelo espaço”, “Noite”), indicativas da sedução parnasiana pela raridade vocabular e técnica. Em “Lágrimas serôdias”, por exemplo, não bastasse o pomposo adjetivo no título, o personagem desprezado pela companheira comete suicídio, menos para cessar o sofrimento do que para rimar com “estilicídio”! A maioria desses poemas grandiloquentes dispõem o observador voltado às alturas (cf. “Fitando o céu”, “Asas”), casando sondagem do infinito com linguagem rebuscada. Lembremos, a título de contraste, que cenas assim se enfeixam num caderno em que o autor, páginas antes, alegava preferir bife e vinho aos hábitos das freiras (cf. “Um crime”).

A ampliação dos espaços engata universalização abstratizante algo avessa ao cotidianismo cru preliminarmente examinado. Daí decorre o desencanto com a humanidade, também verificado na poesia científica da época. É ler o magistral “Misantropia”:

Ultimamente sinto um repugnante
Horror ao que me cerca diariamente:
Vejo atrás o homem, o homem adiante,
Atrás o mundo e o próprio mundo em frente.

E vejo a sociedade deprimente
[Segui]ndo nela vagabundo, errante,
E não evito-a, pois diariamente,
À esquerda e atrás ou à direita e adiante,

A vejo e a sinto e a apalpo e a considero
[E] tal qual foi, quando viveu Homero,
Agora é: pantanal putrificado,

Onde zumbem milhões de varejeiras.
E asco tenho a estas podres esterqueiras
E de homem ser me sinto injuriado.

Não há apologia a Comte, Spencer ou Taine, frequente em Martins Júnior, ícone da poesia científica dos 1880. Todavia, a mórbida hipertrofia orgânica do final do poema, sinalizadora de Augusto dos Anjos, denuncia um ceticismo materialista que, não raro, assolará a religiosidade de Narcisco Araújo (confrontem-se “Deus” e “Crê!” com “Cético?!”, “Sarcasmo” e o exímio “O último gemido”). Apesar de igualmente comprometidas com a miséria humana, a poesia social distingue-se da científica: lá, predomina a solidariedade; aqui, a rejeição. Nos quartetos do soneto, a aliteração da vibrante /r/ e a assonância de vogais nasalizadas criam um ritmo enfadonho, intensificado pela repetição das palavras “homem” e “mundo”, que, por sua vez, ressoa em “vagabundo”. Essa câmara de ecos mimetiza a clausura existencial, replicada no primeiro terceto pela longa assonância do pronome “a”, incorretamente disposto em ênclise, pois assim ganha tonicidade mais enjoativa do que se ocupasse a prevista posição proclítica. O contraste de “Homero” com “putrificado”, “varejeiras” e “esterqueiras” ratifica a desolação perante a humanidade, da qual o poeta se distancia, como no “Emparedado”, de Cruz e Sousa, cujo isolamento se reflete em “O precito”, de Narciso.

A presença do Dante Negro na obra do capixaba, que privou da amizade do catarinense, será mais evidente na 2.ª série do Caderno de Poesias, a despeito de, já na 1.ª, ela se manifestar em, dentre outros, “No país do sonho” e “Nas trevas”. Neste, uma cavalgada converte-se em peregrinação misteriosa; narrada em cadência entrecortada, metaforiza a travessia existencial, assolada de medos e repressões, como indicam os signos de vigilância ao final do texto:

Escuridão tremenda. A passo incerto,
Levava-me o cavalo, suarento,
Por um estreito atalho lamacento.
Silêncio apavorante. O céu deserto.

De instante a instante, um pássaro, bem perto
De mim, sinistro, esvoaçava. Atento
O ouvido, nada ouvia. (...)

(...)

Era que do atro céu despovoado
O majestoso e altíssimo Imperante
Seguia-me com o olhar iluminado.


Semelhante paisagem desferencializada engasta-se em “No país do sonho”, ambientado num cenário onírico onde surge uma mulher bela e misteriosa:


Tombava a noite... Uma harmonia estranha
O espaço percorreu, sonora e clara.
Nunca música assim se modulara!
Escutavam-na o mar e a montanha!

Então, lá, na longínqua extremidade,
Em que o cerúleo mar o céu beijava,
Uma mulher, de cabeleira flava,
No fulgor da beleza e mocidade,

Surgiu sublime, divinal, radiosa!
As formas virginais, da cor da neve,
Vestia-as uma veste etérea, leve,
Etérea como fada vaporosa.

(...)

O advento noturno suprime a relação habitual com o meio circundante (é ler “Noite”), permitindo ao eu lírico acessar outras frequências do real (“harmonia estranha”), atingidas pela sinestesia audiovisual. Aberto à pluralidade sensitiva, ele pode assistir ao intercâmbio entre céu e mar, como se fora devolvido a um tempo-espaço matricial e nuclear, em que nada se diferenciava. Desse ínterim nasce a mulher sublime, cujo caráter inaugural se pinta na “cabeleira flava”, coloração remissiva ao vermelho do nascimento. Disposta num entrelugar, a figura contrastiva – etérea e flava, nívea e quente – prenuncia a obsessão feminina na poesia de Narciso, que, bem a propósito, a retrata ambiguamente.

Abundam poemas idealizadores da amada, exaltadas em atributos morais e físicos; estes em geral privilegiam partes menos erógenas, especialmente os olhos (“Noites”, “Joia tentadora”, “Súplica”, “Alegrias fugazes”, “Tua voz”, “Imprecação e prece”, “Vita nuova”, “Espiritualismo”, “Sabor azul”). Quando se escorrega a regiões mais sedutoras, como a boca, a comparação do corpo alheio com a natureza cumpre a necessária sublimação (“Noites”, “Idílio”). Nesse conjunto mais pudico, o poeta depõe sua “humilde e fraca lira” perante a homenageada (cf. “Joia tentadora”). O distanciamento respeitoso mas interessado, à moda de um sátiro, atinge ápice em “Desilusão”, leve madrigal heptassilábico, ao estilo de “Ismália”, de Alphonsus de Guimaraens: de um tronco ressequido, correlato da secura emocional do eu lírico, ele observa a imagem refletida de uma bela moça cantando. O riacho corre, indiciando a entrega ao mundo ideal, posteriormente esfumaçado com o retorno à realidade, onde não há moça, canto ou qualquer lenitivo. Em certa medida, essa historieta de desaparição é o avesso simétrico do nascimento anunciado em “No país do sonho”.

O motivo da mulher ausente estende-se a uma representação francamente oposta da figura feminina – vil, viciada e abjeta, é comparada a répteis e insetos (“[Fato é que a cobra repelente, ascosa,]”) ou vinculada a conhecidas narrativas de perversidade (“Sansão e Dalila”). Como no caso das virgens, também pelas damas fatais o homem é abandonado, alternando entre o lamento choroso (“Ingratidão”, “Queixa”, “Lágrimas”, “Desespero”) e a revanche. Este sentimento é interessante: se o eu lírico chega ao ponto de desejar a consorte morta (“Vingado!”), também deixa recair sobre si a índole vingativa, em rompantes de masoquismo (“Justo castigo”) e até de autoflagelação (“Fortitudo”). O sofrimento talvez constitua o elo entre os variados estilos de Narciso Araújo: o desamparo amoroso, tipicamente romântico; a frustração social e a descrença cética, próprias da poesia realista e científica; sobretudo, a transcendência da dor, cultuada pelos simbolistas: “A dor cristianiza o coração”, afirma-se em “A um amigo”.

Nesse aspecto, sobressai-se “Terribilis dor”, texto com nítidas marcas de Cruz e Sousa (“sacarino vinho”, “ignotos gozos”, “formidanda dor”) e favorável à dor, embora não apresentada em maiúscula, como a agonia atávica dos simbolistas; no primeiro Araújo, ela ainda é sentida em escala individual e explicada pela ausência feminina: “Quero sofrer, mas quero dentro d’alma / A luz dos olhos da mulher querida! / Porque com ela todo o fel da vida / Eu beberei com valentia e calma!”. Na 2.ª série dos Cadernos, o eu lírico, mais eivado de Simbolismo, carpirá a perda de algo desconhecido:

É a saudade de ignotas primaveras,
É a saudade de quadros incriados,
É a saudade de coisas nunca tidas,

É a saudade infecunda das esferas,
Onde os astros rolaram, conglobados,
Desde as fundas idades escondidas.

A opção deliberada pelo sofrimento parece advir da índole algo esquizofrênica do sujeito narcisiano, já que, a par da representação antagônica da amada, sucedem-se, em seu âmago, polos opostos: o arroubo apaixonado, convicto da infinitude do amor (“Os namorados”, “Retratação”, “Fascinação”, “Eu e amor”, “Ressurreição”, “Imorredouro”), e a descrença irreversível no afeto (“Dobrado amor”, “Mentira”, “Ciúme vitorioso”). O caráter extremista revela o desajuste com a realidade, levando o eu lírico ao isolamento e à estagnação; daí talvez haver tantas partidas, seja da amada (“Lágrimas”) ou de amigos, mas o entediado poeta pouco ou nunca se movimenta (“Desespero”, “Tédio”, “Spleen”).

Por isso mesmo a sucessão obsessiva de nomes femininos: Haideia, Clara, Maria – sim, pessoas da convivência de Narciso, mas, na dinâmica da obra, variações do impossível ideal estampado em “No país do sonho”. Poemas como “Eterna musa” e “Imutável” confirmam a ideia fixa da estabilidade, teorizada no soneto “Explicação”: “O amor também mulheres multiplica / Para sustentar a única que amamos.” Não obstante vise à unidade, o sentimento amoroso produz efeito caleidoscópico, pulverizando entre as damas a mesma quimera. Configura-se um comportamento fetichista, deflagrado, segundo Freud, quando a criança descobre que a mãe não possui pênis. Ampliando a contribuição freudiana, Giorgio Agamben entende-o como a presença de uma ausência, já que o objeto de fetiche, malgrado a concretude, sinaliza algo inominável. Donde a natureza seriada do fetichismo:

Precisamente por ser negação e sinal de uma ausência, o fetiche não é um unicum irrepetível, mas, pelo contrário, é algo substituível ao infinito, sem que nenhuma das suas sucessivas encarnações possa algum dia esgotar completamente o nada de que é a cifra. Por mais que o fetichista multiplique as provas da sua presença e acumule um harém de objetos, o fetiche lhe foge fatalmente entre as mãos e, em cada uma de suas aparições, celebra sempre e unicamente a própria mística fantasmagórica. (2007: 62)[ 1 ]

Em Narciso Araújo, sobretudo a partir da 2.ª série dos Cadernos de Poesia, a multiplicidade feminina indicia um vazio primordial que provoca a indecisão entre domar o objeto de desejo (“Templo”, “Protesto”) ou mantê-lo distanciado. Sabendo-o inalcançável, resta cultuar sua inacessibilidade, como se lê em “Excelso gosto” (“Mas é sentir melhor, sentir sem ver-te,”) ou em “Saudade querida” (“Eu não quero que finde esta saudade”). A ideia acumulativa do fetiche reaparece, mais explicitamente, em “Glossário”: além do título autoexplicativo, o eu lírico, em “alto culto, fundo e fetichista”, anima-se “catalogando” os olhares da amada.

O intervalo entre os amantes é frequentemente realçado por um terceiro elemento que se lhes interpõe, seja uma janela, uma carta (vários textos do ciclo de poemas dedicado a Maria), uma pessoa (“Contrição tardia”, “A Sílvio Silva”), um acidente geográfico (“Ódio ao mar”), mas sempre um outro que congrega atributos inexistentes no eu lírico. Com a perpétua morte do ideal, a frustração se transforma em desespero (“Plaga pérfida”) e luto (“Hóspedes cruéis”) ou se atenua, provisoriamente, numa celebração desassombrada à vida, à juventude e ao amor (“Meu coração”, “Ninhos”). Essa bipolaridade – aferível, aliás, em Vinicius de Moraes – se reduplica no tratamento conferido à mulher, a quem o homem, conforme apontados, ora se mostra subsumido, ora dominador, recorrendo a profissões ligadas à educação e à medicina para rubricar a mudança de papéis. Nos 29 poemas dedicados a Maria, lemos em 8: “Teu professor recorda, comovido, / Os fulgores da tua inteligência”. Já em 16: “– Quem, agora, me guia e me corrige?// – Quem me ensina a verdade e mostra o erro? / – Quem nos maus dias me acalenta e exorta?”. Sabemos que a personagem homenageada nesse conjunto poemático é Maria Magdalena Pisa, ex-aluna de Narciso Araújo e por quem, parece, ele se apaixonou. Isso não impede, todavia, que, semeada na máquina poética do capixaba, ela tenha ocupado um dos arquétipos femininos previamente concebidos na obra. Nosso intuito não é psicanalisar o autor, antes rastrear os mecanismos formadores de sua persona lírica. Por essa razão, a frequente imagem da enfermeira ou irmã de caridade (“Anjo” e “Agradecimento”), conquanto biograficamente explicável, se configura como outro dispositivo idealizante da graça feminil: “E aqui tens, gentil médica, teu doente”. Em contrapartida, a amada recebe cuidados excessivos do parceiro, que, dicotômico, elabora mecanismos de prazerosa autopunição: “Chego a ter na saudade, que me corta, / Tanto cuidado em ti, tantos extremos / Como se tu já fosses uma morta!”

O sujeito é cônscio de suas pulsões (“Indômito desejo”), porém não logra extraí-las do castelo que ideou (“Renúncia”), como se a vida devesse sucumbir à Obra, elaborada pelo Poeta, não pelo homem: “Um verso, às vezes, diz a Vida toda...”. Isso parece explicar, na poesia de Araújo, a concepção catedralesca e imaculada da subjetividade (“Templo”, “Castelo vencido”, “O poeta”) e a constante analogia entre vida e livro (“Página eterna”, “Folha de um livro”, “Episódio inolvidável”, “Folhas de amor”, “Extremos”). Em certas ocasiões, inclusive de raro despojamento estilístico, escapa o apetite erótico (“[Quando ela passa, tesinha]”), logo silenciado pela denegação culposa, como em “Trasgos”:

Que gênio mau, que trasgo infernal jaz oculto
Dentro em mim, ululante, eversor, truculento?
Por que sinto eu gritar-me n’alma este tumulto
Que cresce à proporção que sufocá-lo intento?

Lembra ora uma risada ante um corpo insepulto;
Ora lembra um oceano, em regougos, sanguento,
De vagas de punhais; ora é como um insulto
Que, feito cuspalhada, um filho, num momento,

À fronte de seu pai, vesgo de ódio, atirasse.
Donde me vem, Senhor, este algoz, sem piedade,
Que no meu ser se agita, ultriz como um castigo?

E este fogo, partido em raios, pela face?
E esta contorção bruta? e esta vaga saudade?
E este aplauso do mal? e este amor do perigo?

A luta do enunciador contra as forças indômitas que o assaltam justifica o compasso sincopado do texto, construído com pontuação abundante e sonoridade agressiva. Do ponto de vista métrico, o alexandrino clássico, com a rigorosa cesura na 6.ª sílaba métrica, condiz com a missão autocontroladora do eu lírico. Brotam imagens calorosas e contorcidas, indicativas do intenso fogo interno que, encoberto, atinge, imperfeitamente, a face, onde a chama aprisionada se apequena em “raios”. Toda manifestação da matéria é insidiosa, a exemplo da cusparada lançada ao pai, figura rara na poesia de Narciso; aqui, ela sintetiza a autoridade desafiada pela energia volitiva. Essa turbulência se propaga ao oceano sangrento, superfície agregadora de elementos femininos (sangue menstrual) e fálicos (“punhais”), impulsionados na frequência oscilante e erótica das águas. Daí talvez certa aversão à horizontalidade na obra de Araújo: além de “Ódio ao mar”, recordemos, é do encontro entre céu e mar que nasce a tentadora protagonista de “No país do sonho”. Quando a natureza se associa à mulher, obriga o sujeito a encarar os próprios instintos, que, denegados, respingam no ambiente e na amada, demonizados pela personalidade recalcada. Veja-se a diferença quando o eu lírico contacta verticalmente a paisagem: “A montanha”, por exemplo, elevando o olhar do observado, direciona-o aos arcanos, livrando-o de si e de tudo aquilo (mulher, por exemplo) que o leva a defrontar-se consigo. Apesar do esforço de autocontenção, o “gênio mau” retorna, como um “corpo insepulto”, recordando a urgência do desejo, interpretada como recatada e “vaga saudade”.

“Transfiguração”, originalmente intitulado “Condor” e um dos sonetos mais interessantes de Narciso Araújo, reincide no contraste entre alto e baixo:

Venho de tua casa e de ti trago
Toda a fragrância. Calmo céu se anila
Dentro de mim e lindo sonho mago
Enche minh’alma e, todo azul, cintila.

Vou perturbado e volto como um lago,
Depois de estar contigo. Uma tranquila
Esperança me vem do teu afago
E muda em bronze minha fraca argila.

Tu transformas em trigo o inútil joio,
O paul morto em cristalino arroio
E num gigante intrépido um pigmeu.

Vou ver-te em tua casa, mas, voltando,
Em remígios possantes o ar cruzando,
É um condor que volta, não sou eu!

Ao retornar da casa da amada, tudo é calmo, translúcido e sereno, tal a superfície do lago e a profusão de consoantes sibilantes. O contato com a dama tem efeito depurador sobre o eu lírico e o meio circundante: a “fraca argila” se transforma em bronze; o joio, em trigo; o paul, em arroio; o pigmeu, em gigante. Tudo o que é pequeno, covarde, viscoso e poluído desaparece, numa alquimia catártica. À primeira vista, estamos diante de mais um poema idealizador do encontro amoroso. Isso é inegável, a julgar, inclusive, pelo título “Transfiguração”. Contudo, o verso final timbra, de maneira incisiva, a diferença entre “eu” e “condor”: houvesse efetiva sublimação, seria mais difícil distinguir os entes amalgamados. Quem volta é a ave, não o escritor, que sempre esteve no chão, junto com o pigmeu, o paul, o joio e a argila, elementos ligados à terra e à sua simbologia ameaçadoramente orgânica e opaca, sem o translúcido lago do início.

Com efeito, a nobreza do condor e seu voo, chamado de “remígios possantes”, contrasta com a pobreza dos outros materiais. O pássaro se movimenta, desenhando trajetória virilmente cortante, enquanto o sujeito continua parado, em perpétuo movimento de retorno (“Venho de tua casa”), uma vez que a partida, sendo projeção ao desconhecido, é incômoda: “Vou perturbado”. Quem visita a mulher é o homem, quem retorna é o poeta. A substituição de título – de “Condor” para “Transfiguração” – consiste numa estratégia para reforçar a ideia de ascese: a designação inicial demarcaria claramente a separação entre homem e ave, ao passo que “Transfiguração”, embaralhando os dois seres, esconde, de modo mais eficaz, a sombra terrena e estática do enunciador.

O embate entre imanência e transcendência lateja ainda nas concepções estéticas de Narciso: a poesia é fábrica lúdica e despretensiosa de um poema (“Um soneto”, “Asneirológico”) ou liturgia transcendente (“Augusta expressão”). Cada uma dessas vertentes se manifesta em estilo diferente: no primeiro caso, por exemplo, prevalece o tom jocoso; no último, o mais caro ao capixaba, a abundância de frases nominais não interligadas e a tendência abstratizante revelam a escrita à Cruz e Sousa: “Céus estrelados, mares em clamores, / Rudes serras de seios de granito, / Frescas fontes de incógnitos amores, / Forças fecundas, forças do Infinito,”.

O leitor talvez tenha estranhado que, progressivamente, deixamos de sondar os estilos não simbolistas em Araújo. O abandono foi intencional, na medida em que reproduz a postura do próprio autor e de sua fortuna crítica: Narciso envolveu de mistério a vida literária e afetiva, encimando-a com uma aura anacrônica para o século XX. Seu isolamento consagra a ficção do personagem eremita: encerrado na Vila de Itapemirim, alheio às novas orientações da poesia brasileira. Se parou ou não de escrever em 1939 (derradeiro ano registrado em seus manuscritos), seu estilo fincou pé no alvorecer do século XX, resguardado na torre que construiu para si, conforme premonizara no bilaquiano “O poeta”:

Enquanto, em derredor, a fúria bruta
Das turvas ambições referve e estoura,
O poeta, na oficina áurea, impoluta,
O seu mundo de sonhos entesoura.

Trabalha. Uma visão gentil e loura
Anima-o, carinhosa, na labuta.
A inspiração o toma e os versos doura,
Na obra pura e sentida que executa.

Deixa bramir, em seus conflitos agres,
O mundo. E erige, calmo, um monumento,
Do fértil sonho em voos e milagres,

Pairando acima da insalubre vaza,
Subindo, em surto, para o firmamento,
Com o sol glorioso na brancura da asa.

Seleta bibliográfica de/ sobre o poeta


ARAÚJO, Narciso. Poesias (1.ª série). Rio de Janeiro: Livraria José Olympio Editora, 1942.

DRUMOND, Jô. O solitário de Itapemirim. Narciso Araújo: vida e obra. Vitória: Secretaria Municipal de Cultura, 2010.

RIBEIRO, Francisco Aurélio. (org.) Dicionário de escritores e escritoras do Espírito Santo. Pesquisa de Thelma Maria Azevedo. Vitória: Academia Espírito-Santense de Letras; Formar, 2008.

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NOTA


[ 1 ] AGAMBEN, Giorgio. “Freud ou o objeto ausente”. In: ___. Estâncias: a palavra e o fantasma na cultura ocidental. Trad. Selvino José Assmann. Belo Horizonte: Editora da UFMG, 2007, pp. 59-65.


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© 2016 Gilberto Araújo - Todos os direitos reservados ao autor. A reprodução sem prévia consulta e autorização configura violação à lei de direitos autorais e desrespeito aos serviços de preparação para publicação.
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Gilberto Araújo é professor adjunto de Literatura Brasileira na UFRJ e doutor em Letras Vernáculas pela mesma instituição, onde também é coordenador do curso noturno de Português-Literaturas. Publicou diversos ensaios e palestrou no Brasil e no exterior, tendo passado pelas universidades de Lisboa, Coimbra, Porto, Paris (Sorbonne Nouvelle III e IV), Londres (king’s College), Viena e Santiago do Chile. Organizou as Melhores crônicas de Humberto de Campos (Global, 2009) e a reedição das Canções sem metro (Unicamp, 2013), de Raul Pompeia, livro sobre o qual escreveu sua dissertação de mestrado. Prefaciou e organizou a última edição de O Ateneu lançada em Portugal pela editora Glaciar, em parceria com a Academia Brasileira de Letras. É autor de Literatura brasileira: pontos de fuga (Verve, 2014), Júlio Ribeiro (ABL, 2011), dentre outros títulos. Foi pesquisador da Academia Brasileira de Letras, condição em que preparou e prefaciou reedições de Artur Lobo, B. Lopes, Júlia Cortines, Luís Guimarães Júnior e outros. É bibliófilo.

A teoria da literatura costuma criar gavetas onde, dividindo o tempo, coloca as produções literárias e seus respectivos autores. O saber uni...

A teoria da literatura costuma criar gavetas onde, dividindo o tempo, coloca as produções literárias e seus respectivos autores. O saber universitário segue este critério, justificando este procedimento como finalidade própria; afinal, o ensino superior deve organizar o saber desorganizado.

Se há uma coisa desorganizada em arte literária é a obra de Narciso Araújo. Em primeiro lugar porque a publicou esparsa e, em segundo lugar, seu único livro, compendiado por João Calazans e Eugênio Sette com o título Poesias (1ª. série), foi uma coletânea feita à revelia, por ocasião do concurso “Príncipe dos Poetas Capixabas”, promovido pelo jornal A Tribuna em 1941. Conforme atesta a professora Maria Madalena Pisa, procurado para as entregar, Narciso negou que as tivesse. Supõe-se que não as tivesse organizadas.

Todos atestam a sua natural modéstia e, embora o chamem de “solitário de Itapemirim”, ele nega. Sua vida é bem conhecida e também a sua carreira cultural desce criança até a formatura em Direito no Rio de Janeiro. O que aconteceu é que ele fez uma escolha pelo torrão natal e não pela buliçosa Capital Federal da Belle Époque. Seu círculo de amizades contava com todos os nomes brilhantes da época, a começar por Cruz e Sousa. Vamos encontra-lo no Panorama da poesia brasileira, de Fernando Góes, volume IV, O Simbolismo, 1959. Tanta vida e obra para duas páginas e dois sonetos! Os dois sonetos da antologia são “Saudade estéril” e “Sabor azul”. Realmente é engavetar o poeta nos dois ou mais sentidos. Nesta antologia Fernando Góes faz um apanhado do simbolismo em dezenove pequenos capítulos. Afirma que os simbolistas fizeram uma verdadeira revolução nos temas e na técnica, isto é, também na forma. Fizeram verso de dezessete e até de dezenove sílabas que prenunciam a liberdade métrica do modernismo. Mexeram na ortografia e na impressão tipográfica com largo abuso das letras maiúsculas.

Outra antologia dedica a Narciso Araújo seis páginas. Trata-se de Panorama do movimento simbolista brasileiro, de Andrade Muricy, volume 2, editado pelo Instituto Nacional do Livro, segunda edição, 1973. Entre os 131 autores contemplados, Narciso Araújo é o 61. A antologia traz oito sonetos dele. Além disto, não existe fortuna crítica sobre o príncipe dos poetas capixabas. Entenda-se, pois, que a consagração de um escritor reside na publicação de livros. Andrade Muricy em sua antologia resume a obra de Narciso a Poesias e acrescenta numa única linha: “Numerosa produção esparsa.”

O acervo da criação poética de Narciso vai muito, muito além dos 71 poemas de seu único livro. É um material precioso para uma tese de crítica genética e ecdótica.

1. Ele deixou um caderno de capa dura com apontamentos de Direito onde mistura sua incipiente produção literária com a lista de livros a serem encadernados e... rol de roupa para lavar.

2. É deste caderno todo manuscrito e a partir dele que Narciso organizou o 1º. Caderno de Poesias de Narciso da Costa Araújo (35 poemas) e o 2º. Caderno das Poesias de Narciso da Costa Araújo (com mais 42 poemas). Os cadernos estão bem danificados pelas traças e roídos de barata. Cada poema traz subscrito o local, a data em que foi escrito, a idade do autor – ele cometia sonetos já aos 17 anos –, o nome do jornal em que foi publicado e data. Com tais indicações é possível localizá-lo no tempo e no espaço e saber quando estava residindo nesta ou naquela rua do Rio de Janeiro, ou no seu querido Brejo dos Patos, em Itapemirim.

3. Ainda fazem parte do acervo manuscritos em folhas avulsas, originais de oitenta poemas dos quais apenas sete não são sonetos. Nestes manuscritos se delineiam as características próprias do poeta parnasiano-simbolista, a que os apressados organizadores do volume Poesias não foram inteiramente fiéis. A revisão ortográfica fez modificações indevidas, por exemplo, nas palavras com iniciais maiúsculas que, no simbolismo, tinham um sentido de absolutização do termo.

4. Sabe-se, outrossim, que Narciso elaborou umas páginas de correção à sua obra e que houve algum desrespeito aos originais.

5. Existe uma pasta só com recortes das suas publicações em jornais e revistas.

6. Também em dois jornais capixabas, O Eco e O Cachoeirano, foram publicados 29 e 35 poemas, respectivamente.

7. Finalmente há uma coletânea de 29 poemas manuscritos intitulada Maria. Nenhum tem título, mas foi possível identificar títulos em pelo menos metade deles, em publicações de jornal. Esta coletânea também manuscrita é toda composta de poemas de amor dedicados a uma mulher. Sabe-se, discretamente, que a grande paixão de sua vida foi a professora Maria Madalena Pisa. Pode-se inferir deste fato que Narciso leu Petrarca, cuja musa foi Laura. A obra Petrarca – Poesia aparece numa relação colada no verso da primeira capa do 2º. Caderno de Poesias, onde Narciso enumera mais de setenta livros.

Narciso Araújo privilegiava o soneto na sua criação poética. Esta forma da lírica é apenas uma das três dezenas e mais de formas existentes classificadas em formas fixas e formas livres. O modernismo o detestou, numa época de revolução literária, aquela da antropofagia. O Espírito Santo regurgitava de sonetistas, dos bons e dos maus. Narciso Araújo se manteve distante da polêmica que se travou em Vitória, em 1928. Quem vai proporcionar a Narciso a amostragem do seu talento literário é exatamente um iconoclasta antropofágico, o jornalista João Calazans, que, juntamente com Eugênio Sette, vai criar o concurso “Príncipe dos Poetas Capixabas”.

Sabe-se que um bom soneto pode imortalizar e projetar um autor no cenário das letras. Assim aconteceu com Jorge de Lima e o seu “O acendedor de lampiões”. Quem não conhece “As pombas”, de Raimundo Correia? Quem não se lembra de Olavo Bilac e do soneto “A língua portuguesa”?

Entre os inumeráveis sonetos de Narciso deve-se destacar um sobre o qual ele próprio chamou a atenção. É “Saudade estéril”:


A saudade comum essa consiste
Em nos rememorar cada momento
Um quer que seja, cujo afastamento,
Pungindo-nos o peito, o torna triste.

Outra saudade todavia existe
Que nos agita. Vem do firmamento
Nos clarões do luar. E o pensamento,
Por mais firme e tenaz, lhe não resiste.

É a saudade de ignotas primaveras;
É a saudade de quadros incriados;
É a saudade de coisas nunca tidas;

É a saudade infecunda das esferas,
Onde os astros rolaram, conglobados,
Desde as fundas idades escondidas.


Recomenda-se, a título de curiosidade, a leitura do “Soneto do maior amor”, de Vinícius de Moraes, e lá aparecerão as semelhanças.

Em toda transcrição cometem-se transgressões, algumas relevantes, outras irrelevantes. Neste soneto as diferenças são pequenas. Os editores imprimiram os sonetos já com o espírito modernista, com minúsculas onde deveriam aparecer maiúsculas.

Narciso metrificava desde cedo. Dominava o decassílabo heroico e também o sáfico. No verso alexandrino respeitava a cesura obrigatória nos poucos sonetos com esta métrica. As coisas, hoje, foram profundamente alteradas. Basta o signo, a palavra em liberdade. Nada de métrica, ritmo, rima no poema. Há tanta liberdade que a acredito igual à falta de talento para a poesia. Este soneto, dedicado a João Ribeiro, foi assim historiado pelo próprio Narciso:

Nota – Tinha eu de 21 para 22 anos, quando escrevi este soneto. Foi publicado na “Rua do Ouvidor”, semanário das elegâncias, no Rio, com dedicatória a João Ribeiro. Meu colega e amigo Dr. Figueiredo Lima entusiasmou-se (fácil entusiasmo) pelo soneto, e dizia-me: “nunca farás outro soneto igual a este.” Raul [Pederneiras] ilustrou o soneto, republicando-o numa revista de arte, no Rio. O trabalho de Raul era bonito, e dava valor ao soneto feio. Anos mais tarde, em Teresópolis, durante o verão, Figueiredo Lima encontrou-se com o Dr. Lúcio de Mendonça, Ministro do Supremo Tribunal. [Ilegível], poeta, figura literária valiosa, membro da Academia Brasileira de Letras. No salão do hotel, uma noite, em reunião de hóspedes, surgiu a ideia de recitação de poesias. Figueiredo só tinha de cor o soneto Saudade Estéril – e impingiu-o ao auditório. Lúcio de Mendonça pediu-lhe que repetisse a recitação, e Figueiredo reimpingiu o soneto. “De quem é isso?”, perguntou-lhe Lúcio, e Figueiredo impingiu o nome do autor dos versos. Lúcio louvou-os francamente. Contando-me isso, disse-me, em carta, o impingidor, mais ou menos isto: Você não dá valor aos seus versos, nem mesmo ao Saudade Estéril, que me entusiasma. Lúcio de Mendonça, entretanto, figura superior nas letras brasileiras, admirou o soneto. Jarbas Loreti levou o soneto a Martins Júnior, notável homem de letras e jurista, que, então, auxiliava Quintino Bocaiúva, presidente do E[stado] do Rio, numa das secretarias. Martins Júnior louvou os versos e concluiu: Mas Narciso é um torturado. Esse soneto é o que figura no livro de Laudelino Freire. Quando disse que conhecias o soneto, lembrava-me de ter sido ele publicado em O Cachoeirano, e de teres os números [do jornal em] que apareciam versos meus. Em tempos passados, eu não dava ao soneto o valor que outros davam. Mas, de alguns anos para cá, reputo esse soneto uma das raras produções poéticas, de que se orgulha a literatura deste mundo (e a do outro também). Ia-me esquecendo de uma coisa importante: Sei que Figueiredo e Lúcio e Martins Júnior recitam, no Além, o soneto, que é sempre saudado com fragorosas palmas.

A consagração poética pelo soneto foi um fenômeno interessante na literatura brasileira. Quando se diz: “Ora, direis, ouvir estrelas!”, todos, unânimes, correm para Olavo Bilac. Por um verso se identifica um poeta, de Camões a Vinícius de Moraes. Entre os poetas capixabas, Narciso, se fosse divulgado, seria conhecido pelos seus sonetos. Esta forma fixa perdeu prestígio com o advento do modernismo, mas ainda serve de teste para o ofício de escritor. O soneto tem segredos que o leitor vulgar, o leitor comum desconhece. A chave de ouro, por exemplo. O enjambement. A posição das rimas. As modalidades da acentuação. Tudo isto pode ser observado no primeiro e no segundo Cadernos de Poesias de Narciso e que constituem uma espécie de obra imatura. Ainda não se fez um estudo desta trajetória de sua aprendizagem, de sua aplicação, do progressivo burilar do gosto. Em Narciso, a qualidade poética decorreu também da convivência com outros poetas, declaradamente Cruz e Sousa, Nestor Vítor e Olavo Bilac. Andrade Muricy identificou dezesseis grupos dentro do simbolismo. Narciso Araújo aparece atuando no grupo Rosa-Cruz, onde pontificava um amigo seu, Félix Pacheco, que, de muitas formas, tentava promovê-lo. Inutilmente.

A título de exemplo de qualidade poética, vejam-se alguns primeiros versos dos 77 poemas que compõem o primeiro e o segundo Cadernos. Todos os poemas têm título:


Ingratidão: Foste tu, mulher má, que despertaste
Idílio: Canta o mar gemedora cavatina
Um soneto: Vou ver, amigos, se um soneto faço.


Citar o primeiro verso dos poemas seria uma forma de organizar a obra de Narciso. Fazendo isto em Maria resultou um fenômeno interessante. Alinhavando os 29 primeiros versos, ter-se-ia como resultado um novo poema.

Andrade Muricy organizou um glossário dos vocábulos constantes nos poetas simbolistas que caracterizam o simbolismo brasileiro. Narciso Araújo não fugiu à regra. Palavras raras, então chamadas “peregrinas”, entram em circulação como se fossem moedas de valor e também salvação para o caso de se necessitar de uma rima. Há um papel em que Narciso enumera uma série de palavras contendo as mesmas rimas para uso na composição do soneto.

De tudo o que se pode aprender e apreciar neste poeta, cuja virtude essencial foi a modéstia e o fato de ter preferido a sua terra natal à agitação cultural de um centro urbano, fica o soneto (sem nome em Maria) que tem o título de “Condor” em O Cachoeirano e o de “Transfiguração” no livro Poesias:


Venho de tua casa e de ti trago
Toda a fragrância. Calmo céu se anila
Dentro de mim e lindo sonho mago
Enche minh’alma e, todo azul, cintila.

Vou perturbado e volto como um lago,
Depois de estar contigo. Uma tranquila
Esperança me vem do teu afago
E muda em bronze minha fraca argila.

Tu transformas em trigo o inútil joio,
O paul morto em cristalino arroio
E num gigante intrépido um pigmeu.

Vou ver-te em tua casa, mas, voltando,
Em remígios possantes o ar cruzando,
É um condor que volta, não sou eu.


[In Bravos companheiros e fantasmas: Estudos críticos sobre o autor capixaba. Vitória: Programa de Pós-graduação em Letras, Universidade Federal do Espírito Santo, 2006.]

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Luiz Busatto nasceu em Ibiraçu-ES, em 1937. Graduado em Letras, com cursos de especialização em Portugal (Teoria da Literatura e História da Literatura Portuguesa), na Itália (Filosofia), mestrado em Letras pela PUC/RJ e doutorado na mesma área pela UFRJ. Professor da Ufes e da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Colatina (1969-1983). É membro do Instituto Histórico e Geográfico do Espírito Santo e da Academia Espírito-santense de Letras. Foi presidente do Conselho Estadual de Cultura (1993/4) e vice-presidente (1986/7). Tem várias obras publicadas, sendo um estudioso da imigração italiana. (Para obter mais informações sobre o autor e outros textos de sua autoria publicados neste site, clique aqui)

O objetivo maior deste projeto foi a reprodução do acervo integral do poeta Narciso Araújo para divulgação online. Para cumprir da melhor ma...

O objetivo maior deste projeto foi a reprodução do acervo integral do poeta Narciso Araújo para divulgação online. Para cumprir da melhor maneira esse objetivo, porém, entendeu-se que convinha realizar não só a digitalização e tratamento de imagens dos documentos em si, mas também a transcrição do texto de todos os poemas (bem como de outros textos relevantes para o estudo da vida e obra do poeta). Dessa forma, o leitor teria a seu dispor, como alternativa de leitura, a transcrição integral da obra poética de Narciso Araújo preservada no acervo (obra a que se deu o título de Todos os poemas!), sem que lhe fosse imposta a tarefa, no caso específico dos textos manuscritos, de decifrar a escrita do autor, nem sempre legível.

Logo, porém, tomou-se a decisão, extrapolando-se o previsto no projeto submetido à Secult (no espírito da velha norma de que quod abundat non nocet), de produzir não uma única versão do material transcrito, mas duas versões diferentes: uma delas na ortografia original dos documentos (ou, no plural, nas ortografias originais, que são as do final do século XIX e do início do século XX), e outra na ortografia atual.

A primeira se destina mais diretamente aos leitores acadêmicos ou aos que tenham curiosidade e prazer no trato com textos antigos. Já a segunda atende os interessados no texto poético per si, sendo expressamente adequada para uso em sala de aula, sobretudo do ensino fundamental e médio.

Paralelamente, decidiu-se que a versão transcrita na grafia atual contivesse apenas o texto límpido dos poemas, da forma como seria editado, se fosse o caso, em livro destinado ao grande público. Quanto à versão transcrita na grafia original, esta adiciona ao texto dos poemas toda a carga de informações constantes nos respectivos manuscritos: atende assim a objetivos críticos nas linhas da ecdótica ou da crítica genética, pois aí estão as notas originais do autor (data e local de produção, eventuais registros e informações sobre poemas, frases soltas de cunho pessoal etc.) bem como as variantes textuais (títulos, versos, estrofes e algumas versões alternativas de um poema inteiro), organizadas como notas pelo transcritor. Com isso pretende-se assistir até mesmo o leitor acadêmico, provendo-lhe um guia que lhe adiante a tarefa de, por exemplo, decifrar rascunhos de poemas, corrigindo então possíveis equívocos de leitura do editor.

Convém enfatizar aqui que o registro de variantes só foi feito para os poemas manuscritos – não se estende, portanto, às versões impressas em jornais ou incluídas no livro Poesias, umas e outras facilmente legíveis.

Essa política de texto se traduz numa diferença básica entre as versões original e atual: a primeira privilegia a versão final manuscrita de cada poema, enquanto a segunda privilegia a última versão impressa. Neste caso em particular, essa última versão pode ser a de um dos jornais ou recortes de jornal disponíveis no acervo ou ainda a do exemplar do livro Poesias, que, diga-se de passagem, pertenceu ao poeta: aí, a última versão de um poema impresso terá incorporado as correções feitas pelo poeta no próprio volume ou na errata que elaborou pós-edição.

O inventário traz em detalhe o histórico das fontes de cada poema. Essas fontes podem ser, como vimos, manuscritas ou impressas:

a) Fontes manuscritas: o Caderno de Direito do poeta, no qual alguns poemas se intercalam a anotações de aula e até a detalhes como lista de livros seus próprios e rol de roupa; o Primeiro Caderno de Poesia; o Segundo Caderno de Poesia; e as folhas avulsas, entre as quais as cópias xerográficas dos 29 poemas do ciclo “Maria”;
b) Fontes impressas: jornais do Rio de Janeiro (Rua do Ouvidor), de Itapemirim (O Caboclo e O Eco) e de Cachoeiro (O Cachoeirano), e recortes de jornal, muitos deles sem indicação de fonte nem data.

Repare-se que, se o poeta muitas vezes indica em nota manuscrita a publicação de um poema em jornais, dando título do periódico e data de edição, isso não significa que essa fonte tenha sido preservada e integre o acervo. Na maioria dos casos, não foi e não integra e, embora a informação conste do inventário, não lhe afeta a contagem de páginas na coluna respectiva.

Respeitou-se, o mais possível, a linguagem textual do poeta. Foram mantidos, por exemplo, suas aspas, travessões, iniciais maiúsculas, erros veniais de gramática, disposição dos versos na página e coisas assim. As interferências julgadas necessárias pelo transcritor estão entre colchetes; no caso de poemas sem título, promoveu-se a título o primeiro verso, também aí entre colchetes.

A datação dos poemas manuscritos representou uma tarefa à parte. No início de sua atividade como poeta Narciso Araújo teve a preocupação de datar os poemas (dia, mês e ano e, às vezes, a hora em que foram escritos) e até de registrar o endereço em que residia na ocasião, quer no Rio de Janeiro (mais de um), quer em Itapemirim (o Brejo dos Patos). Grande parte dos poemas manuscritos avulsos traz também data, mas restrita às vezes só a dia e mês, sem o ano. O poeta numerou em sequência cronológica boa parte desses manuscritos, o que permitiu estabelecer a data de muitos deles. Quanto aos manuscritos não numerados, porém, foi preciso às vezes deduzir-lhes a data por meio de informações e associações de todo tipo, inclusive o tipo de papel usado para os poemas e a caligrafia do poeta, mutável ao longo dos anos. De qualquer modo, fica ainda por fazer-se com mais acuidade e segurança a tarefa definitiva de datação dos poemas de Narciso Araújo.

Os demais textos manuscritos (ou datilografados) transcritos, disponíveis em pequeno número no acervo, compreendem apontamentos históricos, notas autobiográficas e correspondência ativa e passiva. Transcreveram-se também alguns textos impressos, sobretudo quando assim o exigia o estado precário do documento ou ainda quando se tratasse de textos de Narciso em prosa.


Reinaldo Santos Neves
Transcritor 

Reinaldo Santos Neves é escritor com vários livros publicados e foi responsável pelo Núcleo de Estudos e Pesquisas da Literatura do Espírito Santo, vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade Federal do Espírito Santo. (Para obter mais informações sobre o autor e outros textos de sua autoria publicados neste site, clique aqui)

Inventário completo do acervo de Narciso Araújo (para visualizar o documento clique sobre o número da primeira coluna) Doc.nr. Ti...

Inventário completo do acervo de Narciso Araújo

(para visualizar o documento clique sobre o número da primeira coluna)

Doc.nr. Tipo de documento Título Local Data
1
Fotografia Fotografia de Narciso Araújo quando jovem [Rio de Janeiro] 1899
2
Caderno de Direito Filosofia do Direito Rio de Janeiro 1895-1896
3
Caderno de poesia 1o. Caderno de Poesias de Narciso da Costa Araújo Rio de Janeiro 1895-1896
4
Caderno de poesia 2o. Caderno de Poesias de Narciso da Costa Araújo Rio de Janeiro e Itapemirim 1896-1897
5
Poema manuscrito Ao relógio do Figueiredo Rio de Janeiro 17/05/1898
6
Poema manuscrito Asas Rio de Janeiro Junho [1898]
7
Poema manuscrito Ódio ao mar Rio de Janeiro Junho [1898]
8
Poema manuscrito Ao Martins Rio de Janeiro Junho 1898
9
Poema manuscrito Parcéis Rio de Janeiro [1898]
Poema manuscrito A Sílvio Silva Rio de Janeiro Julho [1898]
Poema manuscrito Requiescat Rio de Janeiro Julho [1898]
Poema manuscrito Plaga pérfida Rio de Janeiro Julho [1898]
Poema manuscrito Hóspedes cruéis Rio de Janeiro Julho [1898]
Poema manuscrito Espiritualismo Rio de Janeiro Julho [1898]
Poema manuscrito Explicação Rio de Janeiro Julho [1898]
Poema manuscrito Trasgos Rio de Janeiro Julho
Poema manuscrito Sino dolente Rio de Janeiro 31/07/1898
Poema manuscrito Estradas diversas Rio de Janeiro Agosto [1898]
Poema manuscrito Sonetos: A subida - A descida Rio de Janeiro 16/08/1898
Poema manuscrito Coveiro Rio de Janeiro Agosto [1898]
Poema manuscrito Verde Rio de Janeiro Agosto 1898
Poema manuscrito Suposição Rio de Janeiro 01/09/[1898]
Poema manuscrito Ao Tempo Rio de Janeiro Setembro [1898]
Poema manuscrito Justo castigo Rio de Janeiro Setembro [1898]
Poema manuscrito Amor supremo Rio de Janeiro Setembro [1898]
Poema manuscrito Fortitudo Rio de Janeiro Setembro
Poema manuscrito A Clara Rio de Janeiro Setembro [1898]
Poema manuscrito Contrição tardia Rio de Janeiro Setembro [1898]
Poema manuscrito Conselho [Vós, que ides...) Rio de Janeiro Setembro [1898]
Poema manuscrito Desejo vesgo Rio de Janeiro Setembro [1898]
Poema manuscrito Oásis Rio de Janeiro [1898]
Poema manuscrito Meu óleo!... Súcia! Rio de Janeiro 06/10/[1898]
Poema manuscrito ? [Interrogando] Rio de Janeiro Novembro [1898]
Poema manuscrito Bruma pressaga / A morte é a vida Rio de Janeiro Novembro [1898]
Poema manuscrito [Nascias hoje: o tempo é já passado] Rio de Janeiro 04/12/1898
Poema manuscrito No aniversário de D. Carmen de Rezende Rio de Janeiro 04/12/1898
Poema manuscrito Mar preto Rio de Janeiro 09/12/1898
Poema manuscrito Meu coração Rio de Janeiro Dezembro 1898
Poema manuscrito Sabor azul Rio de Janeiro Dezembro [1898]
Poema manuscrito Idílio de aves Rio de Janeiro Janeiro [1899]
Poema manuscrito Aos luares Rio de Janeiro Janeiro 1899
Poema manuscrito Templo Rio de Janeiro Janeiro 1899
Poema manuscrito De joelhos Rio de Janeiro Fevereiro 1899
Poema manuscrito O riso Rio de Janeiro Fevereiro 1899
Poema manuscrito Armas Rio de Janeiro Fevereiro 1899
Poema manuscrito Versos de um tio Rio de Janeiro Fevereiro 1899
Poema manuscrito Em que noite? / Saudade [Desde que te amo...] Rio de Janeiro Maio 1899
Poema manuscrito Excelso gosto / Tardes Rio de Janeiro Julho e agosto 1899
Poema manuscrito Símbolo Agosto 1899
Poema manuscrito [Por essa vida que vivemos, cheia] Rio de Janeiro sem data
Poema manuscrito Saudade estéril Rio de Janeiro [1899]
Poema manuscrito Ao Oceano Rio de Janeiro 1899
Poema manuscrito I [Estás longe de mim, e eu apartado] Rio de Janeiro Janeiro de 1900
Poema manuscrito II [Achas, poeta, a esfera triste e fria] Rio de Janeiro Fevereiro de 1900
Poema manuscrito III [Tu nasces sempre, ó Sol...] Rio de Janeiro Março de 1900
Poema manuscrito IV [Penso também em ti, Alma saudosa] Rio de Janeiro Março de 1900
Poema manuscrito Para um céu Rio de Janeiro Março de 1900
Poema manuscrito A montanha Rio de Janeiro Março de 1900
Poema manuscrito A montanha Rio de Janeiro sem data
Poema manuscrito Olhos Rio de Janeiro 1900
Poema manuscrito As estrelas Rio de Janeiro Abril de 1900
Poema manuscrito Ovelhas Rio de Janeiro Abril de 1900
Poema manuscrito Augusta expressão Rio de Janeiro Maio de 1900
Poema manuscrito Augusta expressão / Away! Rio de Janeiro sem data
Poema manuscrito Saudade [Ah! Que saudade...] Rio de Janeiro Maio de 1900
Poema manuscrito Revoltas Rio de Janeiro Junho de 1900
Poema manuscrito Ilhas salvadoras Rio de Janeiro Junho de 1900
Poema manuscrito [Saíram todos. Eu, em casa, apenas] Rio de Janeiro Novembro de 1900
Poema manuscrito Saudade querida Rio de Janeiro 1900
Poema manuscrito A um vacilante Rio de Janeiro sem data
Poema manuscrito O poeta / Ascensão Rio de Janeiro sem data
Poema manuscrito A um amigo Rio de Janeiro sem data
Poema manuscrito A um sofredor Rio de Janeiro sem data
Poema manuscrito Plaga suspeita Rio de Janeiro sem data
Poema manuscrito Alma extática Rio de Janeiro sem data
Poema manuscrito Alma enigmática Rio de Janeiro sem data
Poema manuscrito A uma mulher humilde Rio de Janeiro sem data
Poema manuscrito Túmulo Rio de Janeiro sem data
Poema manuscrito [Quando ela passa, tesinha] Rio de Janeiro sem data
Poema manuscrito Impressões Rio de Janeiro sem data
Poema manuscrito Beijos Rio de Janeiro sem data
Poema manuscrito Sobre um retrato Itapemirim, ES 13/08/1916
Poema manuscrito Ao meu sobrinho Manoelzinho Itapemirim, ES 17/09/1918
Poema manuscrito Maria 1 [Sonho lindo] Itapemirim, ES Circa 1918-23
Poema manuscrito Maria 2 Itapemirim, ES Circa 1918-1923
Poema manuscrito Maria 3 [Recordação] Itapemirim, ES Circa 1918-1923
Poema manuscrito Maria 4 [Sonhando] Itapemirim, ES Circa 1918-1923
Poema manuscrito Maria 5 Itapemirim, ES Circa 1918-1923
Poema manuscrito Maria 6 [Vem!] Itapemirim, ES Circa 1918-1923
Poema manuscrito Maria 7 [Pó] Itapemirim, ES Circa 1918-1923
Poema manuscrito Maria 8 [Maria] Itapemirim, ES Circa 1918-1923
Poema manuscrito Maria 9 Itapemirim, ES Circa 1918-1923
Poema manuscrito Maria 10 Itapemirim, ES Circa 1918-1923
Poema manuscrito Maria 11 [Algoz] Itapemirim, ES Circa 1918-1923
Poema manuscrito Maria 12 Itapemirim, ES Circa 1918-1923
Poema manuscrito Maria 13 Itapemirim, ES Circa 1918-1923
Poema manuscrito Maria 14 [Glória] Itapemirim, ES Circa 1918-1923
Poema manuscrito Maria 15 Itapemirim, ES Circa 1918-1923
Poema manuscrito Maria 16 [Desgraça] Itapemirim, ES Circa 1918-1923
Poema manuscrito Maria 17 Itapemirim, ES Circa 1918-1923
Poema manuscrito Maria 18 [Anjo] Itapemirim, ES Circa 1918-1923
Poema manuscrito Maria 19 [Agradecimento] Itapemirim, ES Circa 1918-1923
Poema manuscrito Maria 20 [Contentamento] Itapemirim, ES Circa 1918-1923
Poema manuscrito Maria 21 [Jasmineiro] Itapemirim, ES Circa 1918-1923
Poema manuscrito Maria 22 [Condor; Transfiguração] Itapemirim, ES Circa 1918-1923
Poema manuscrito Maria 23 [Alegria] Itapemirim, ES Circa 1918-1923
Poema manuscrito Maria 24 [Gaturamo] Itapemirim, ES Circa 1918-1923
Poema manuscrito Maria 25 [Orvalho; Orvalho de um coração] Itapemirim, ES Circa 1918-1923
Poema manuscrito Maria 26 [Ventura] Itapemirim, ES Circa 1918-1923
Poema manuscrito Maria 27 Itapemirim, ES Circa 1918-1923
Poema manuscrito Maria 28 [Fel] Itapemirim, ES Circa 1918-1923
Poema manuscrito Maria 29 Itapemirim, ES Circa 1918-1923
Poema manuscrito [D. Francisca de Sá] Itapemirim, ES 16/05/1936
Poema manuscrito [O coração, que pulsa no meu peito] Itapemirim, ES 13/01/1939
Periódico Sirius Rio de Janeiro 15/08/1895
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Periódico O Cachoeirano Cachoeiro de Itapemirim, ES 14/12/1922
Periódico O Cachoeirano Cachoeiro de Itapemirim, ES 28/12/1922
Periódico O Cachoeirano Cachoeiro de Itapemirim, ES 04/01/1923
Periódico O Cachoeirano Cachoeiro de Itapemirim, ES 11/01/1923
Periódico O Cachoeirano Cachoeiro de Itapemirim, ES 18/01/1923
Recorte de jornal O Echo Itapemirim, ES 20/04/1913
Recorte de jornal O Cachoeirano Cachoeiro de Itapemirim, ES sem data
Recorte de jornal O Cachoeirano Cachoeiro de Itapemirim, ES sem data
Recorte de jornal O Cachoeirano Cachoeiro de Itapemirim, ES sem data
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Recorte de jornal O Cachoeirano Cachoeiro de Itapemirim, ES sem data
Recorte de jornal O Cachoeirano Cachoeiro de Itapemirim, ES sem data
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Recorte de jornal Diário da Tarde Vitória, ES sem data
Recorte de jornal Diário da Tarde Vitória, ES sem data
Recorte de jornal Diário da Tarde Vitória, ES sem data
Recorte de jornal Não identificado Vitória, ES 1921
Recorte de jornal Não identificado Vitória, ES sem data
Recorte de jornal Não identificado Vitória, ES sem data
Recorte de jornal Não identificado Vitória, ES sem data
Recorte de jornal Não identificado Vitória, ES sem data
Recorte de jornal Não identificado Vitória, ES sem data
Recorte de jornal Não identificado Vitória, ES sem data
Recorte de jornal Não identificado Não identificado sem data
Recorte de jornal Não identificado Não identificado sem data
Caderno de recortes com anotações Colagens de recortes e anotações - organização de Maria Magdalena Pisa Rio de Janeiro, Cachoeiro de Itapemirim e outros posterior à década de 1920
Recorte de revista Vida Capichaba Vitória, ES circa 1935
Periódico A Tribuna Vitória, ES 09/11/1941
Periódico A Tribuna Vitória, ES 23/11/1941
Periódico A Tribuna Ilustrada Vitória, ES 07/12/1941
Periódico A Tribuna Ilustrada Vitória, ES 14/12/1941
Periódico A Tribuna Ilustrada Vitória, ES 21/12/1941
Periódico A Tribuna Ilustrada Vitória, ES 04/01/1942
Periódico Correio do Sul Cachoeiro de Itapemirim, ES 19/04/1944
Página de periódico Vida Capichaba Vitória, ES 30/04/1944
Periódico Diário da Manhã Vitória, ES 08/06/1945
Página de periódico Diário Oficial Vitória, ES 03/05/1947
Página de periódico A Gazeta Vitória, ES 19/03/1948
Página de periódico A Gazeta Vitória, ES 20/03/1948
Página de periódico A Gazeta Vitória, ES 21/04/1948
Recorte de jornal A Época Não identificado 12/10/1948
Páginas de periódico Folha do Povo Vitória, ES 09/01/1953
Páginas de periódico Boletim da Divisão de Orientação e Pesquisas Pedagógicas da Secretaria de Educação e Cultura do Espírito Santo Vitória, ES Agosto de 1960
Página de periódico A Gazeta Vitória, ES 30/07/1966
Texto datilografado Narciso Araújo Não identificado sem data
Texto datilografado Narciso Araújo, o "Solitário de Itapemirim", tem despojos trasladados Não identificado 01/03/1973
Periódico O Destaque Itapemirim, ES 17/05/1975
Recortes de periódico A Gazeta de Itapemirim Itapemirim, ES 23/12/1883
Documento Nota [Monsenhor João Pires de Amorim examinou-me, creio que em 1888, qdo. passou por Itapm...] Não consta sem data
Documento Notas sobre Itapemirim, enviadas pelo prefeito ao Interventor Federal, no cinquentenário da proclamação da República (15 de novembro de 1939) Itapemirim, ES 1939
Documento Nota [Errata] Itapemirim, ES [1941]
Documento Nota [Errata] Vitória, ES não consta
Documento Título de eleitor do poeta Não consta 1905
Correspondência Carta de Abílio de Carvalho Vitória, ES 11/09/1937
Correspondência Cópia de carta a Abílio de Carvalho Itapemirim, ES 27/09/1937
Correspondência Registro do conteúdo de cartão a Abílio de Carvalho Itapemirim, ES 04/10/1937
Correspondência Carta de Celso Calmon Nogueira da Gama Vitória, ES 21/12/1937
Correspondência Cópia de telegrama a Celso Calmon Nogueira da Gama Itapemirim, ES sem data
Correspondência Cópia de carta a Celso Calmon Nogueira da Gama Itapemirim, ES 01/01/1938
Correspondência Nota anexa a carta a Moreira Gomes e por este devolvida [Itapemirim, ES] 11/10/1939
Correspondência Carta de Moreira Gomes Cachoeiro de Itapemirim, ES 13/10/1939
Correspondência Carta de remetente não identificado a Maria Magdalena Pisa Itapemirim, ES 12/10/1948
Livro Poesias - 1a. Série Rio de Janeiro 1942
Periódico O Jornal Rio de Janeiro 02/03/1923
Periódico Revista da Semana Rio de Janeiro 10/03/1923